Dor costuma ser uma coisa boa. Sem ela você só descobriria suas feridas quando elas já estivessem gangrenando, e deixaria que doenças graves passassem despercebidas. A dor é sua amiga, por mais que você pense que não. É o jeito irritante que o corpo tem de se comunicar com você, já que a maioria dos seus órgãos não tem o dom da fala.
Continuar lendo Conheça a fibromialgia, quando a dor é todo diaTudo bem Totó, não vamos voltar para o Kansas
Eu tenho tido um sonho recorrente nos últimos meses. Não chega a ser um pesadelo, e eu não acordo gritando ou caída no chão como chegou a acontecer em outras épocas. Os detalhes do sonho mudam, mas a base é a mesma: eu estou andando na minha cidade, e as ruas não estão nos lugares onde elas deveriam ficar.
Continuar lendo Tudo bem Totó, não vamos voltar para o KansasEncontrando fantasmas das minhas avós
A rua voltou a ser de paralelepípedos, como na minha infância. Na esquina eu vejo o terreno baldio onde hoje é uma padaria, e nas calçadas as crianças que são mães das que não brincam mais na rua. A casa da minha avó Safira fica bem no meio disso tudo, comprida e sem janelas laterais, como eram as construções do centro de Itabuna.
Continuar lendo Encontrando fantasmas das minhas avósO eterno arrocha e as pessoas invisíveis
Já ouviu falar no “eterno retorno”? Essa é uma ideia presente em algumas religiões, e um pouquinho no pensamento de Nietzsche, que diz que tudo o que aconteceu vai acontecer de novo de outra forma. O tempo seria cíclico, não essa reta eterna como a gente tende a pensar no mundo ocidental.
Continuar lendo O eterno arrocha e as pessoas invisíveisO gênero do cuidado: por que as mulheres da sua família estão exaustas?
É bem provável que exista um doente na sua família agora. Alguém que precise de cuidados constantes, vigilância, e aquele tipo de amor que só vem depois de vários sapos engolidos e muita exaustão. Talvez nem seja um doente, seja um bebê, uma criaturinha vulnerável e incrível, como só os bebês humanos conseguem ser.
Continuar lendo O gênero do cuidado: por que as mulheres da sua família estão exaustas?Qual o problema da solução fácil?
Ontem eu apresentei um trabalho de faculdade sobre a crise dos opióides nos Estados Unidos. Tá feia a coisa lá, tem mais gente morrendo de overdose de remédio do que morria de AIDS no auge da epidemia. Até o Prince morreu de opióide, e um dos mais fortes, o fentanil.
Continuar lendo Qual o problema da solução fácil?Se amar é doer
Quando eu tinha quatro anos eu acertei a testa na quina de uma porta, e essa é a lembrança mais antiga que eu tenho de me machucar. Até hoje eu tenho a cicatriz, que eu sempre achei legal, mesmo antes da era Harry Potter.
Continuar lendo Se amar é doerCasamento é legal, o problema é o fã clube
O dia em que eu me casei passou longe de ser o mais feliz da minha vida. Acho que não entra nem nos Top 20. Mas se o critério for tensão e desespero, ele chega perto de ser medalhista olímpico. Não tinha muito como ser diferente, considerando o estado em que eu me encontrava naquela época. Era expectativa demais pra algumas poucas horas.
Continuar lendo Casamento é legal, o problema é o fã clubeSim, eu me lembro

Você morreu há 25 anos, eu me lembro. Eu me lembro de quando a sua mãe te levava lá pra casa, nas férias, pra que ela pudesse trabalhar e ficar com você ao mesmo tempo. Você tinha um ano a menos que eu, mas a gente se dava bem.
Continuar lendo Sim, eu me lembroUma animadora história de depressão

Eu tive depressão pela primeira vez aos 18 anos. Foi uma época muito confusa da minha então curta existência, e eu deixei alguns registros.
Faz poucos meses que eu saí de uma outra crise depressiva, a quarta delas. Na verdade eu nem sei se vale como uma crise separada, ou se é uma recaída da crise do ano passado, mas enfim, os neurônios são meus, eu conto do jeito que eu quiser.
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