“Camila, seu cabelo tá tão feinho. Vamos fazer alguma coisa?”
Se você é crespa ou cacheada, acho que vai se identificar comigo. Isso era o que eu ouvia da minha mãe de vez em quando, na minha adolescência. A crítica já começa dentro de casa.
Eu fui criança na fase de transição entre as permanentes e a histeria do cabelo liso. Eu me lembro bem de uns processos bem bizarros de alisamento, ou relaxamento, sei lá, que envolviam empestear todo o seu bairro com um negócio que dava pra comprar na farmácia.
Mesmo que você sobrevivesse à intoxicação, o resultado não valia muito a pena.

Por vários anos eu não dei bola pra cabelo. Exceto quando enchi muito o saco pra ter uma franja, e minha mãe cedeu, só pra que eu aprendesse na prática que não ia dar certo.
Eu acabava me contentando com ele amarrado mesmo, pela metade, em trança ou rabo-de-cavalo. Era rápido, era prático, e em 5 minutos eu tava pronta pra escola.
O problema eram só as minhas bochechas, que sempre foram e sempre serão gigantes. Com o cabelo amarrado dava pra ver muito mais. Aí que já adolescente eu comecei a olhar pra grama, quer dizer, cabelo, do vizinho(a).

Passei a invejar aquelas meninas com cabelo lisíssimo, que conseguiam pentear com os dedos e até poderiam lavar com sabão de coco que não teriam problema.
No fim da década de 90 não era muito fácil deixar natural um cabelo como o meu. Acho que específico pra cabelo cacheado só tinha o Seda, que era bem fraquinho, e não te deixava em nada parecida com a moça da propaganda.
Lembra do Seda Hidraloe? Que fazia os homens olharem pro seu cabelo, ao invés de pra sua bunda?
Até cheguei a usar um negócio bem esquisito chamado Trim, que pra minha surpresa, existe até hoje. Sabe cera de engraxar sapato? Você passaria aquilo no seu cabelo? Pois eu passei, era realmente sebo puro.
Modelava direitinho, mas dava pra ver o brilho de longe, um horror. Se eu passasse a mão nos fios tinha que ir correndo pro banheiro lavar.
Nessas circunstâncias, era difícil resistir ao canto da sereia do alisamento, nem que fosse pra uma escova de vez em quando. Era o que eu fazia por insistência da minha mãe, já que ela mesma escovava semanalmente.
Sempre achei uma chatice aquele negócio de ir pro salão, ter a cabeça repuxada, queimar as orelhas e ainda ouvir um papo que não ia pra lugar nenhum. E ter que passar a semana todinha sem lavar o cabelo? Como fazer isso sob o sol esturricante de Itabuna?

Mas o que incomodava mesmo era essa mensagem de que o seu cabelo não era bom o bastante, que você tinha dado o azar de nascer com o formato errado. O que era estranho porque, no fundo, eu até gostava do meu cabelo.
Quando ele se comporta direitinho, sem frizz e sem volume demais, ele fica mais bonito do que jamais poderia ficar estando liso.
E eu sei disso porque já caí no conto da progressiva duas vezes.
Hoje eu sei que um corte bem feito, uma hidratação com produtos decentes e bastante creme de pentear seguram bem a onda (literalmente). E até os salões pararam de me empurrar alisamento a todo custo. É a libertação dos cabelos chegando, finalmente.
Pra quem gosta de alisar, seu cabelo, suas regras. Cada um deve saber o que lhe cai melhor. Mas não é muito mais legal quando é uma escolha de verdade? Ao invés de uma coisa que você é obrigada a fazer?
E você? O que faz (ou não) com a sua juba?

Minha juba de hoje ta sem jeito pq não posso fazer tratamento. Tive que assumir a feiura! Kkk
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Mas Carol, não dizem que cabelo de grávida fica sucesso naturalmente, por causa dos hormônios? Ou é só pra desencorajar a química?
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Daniel diz: você não quis dizer “seguram a onda (figurativamente)?”
Ele sabe que está citando Friends 2
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Mas é literalmente mesmo, a onda do cabelo 😀
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Minha mãe também vinha com a mesma conversa….E eu tinha de fazer nero. Ela não me obrigava mas pressão social é fogo… Acho que vou voltar a usar meu cabelo mais curto…Saudades dos meus cachos soltos.
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Dani, agora que eu vim responder seu comentário, 1000 anos depois. E o que é nero?
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